quarta-feira, 9 de junho de 2010

Geração maricas

Clint Eastwood completou oitenta anos há alguns dias... Vida longa e próspera! Mas, lendo as diversas matérias homenageando a efeméride, o que me chamou a atenção de verdade foi uma menção a uma antiga entrevista que o ator deu à Revista Esquire, na qual ele relatou um fato inusitado:

Lembro de ter ido a uma gigantesca queda d’água numa geleira da Islândia. As pessoas estavam numa plataforma rochosa no alto, observando. Estavam com seus filhos. Havia um local que não estava selado, mas tinha um cabo que impedia as pessoas de avançarem após certo ponto. Pensei comigo mesmo, ‘Sabe, nos EUA eles teriam selado aquele local com cimento, cercas e concreto, porque teriam medo de que alguém caísse e advogados aparecessem’. Lá (na Islândia), a mentalidade era como na America, nos velhos tempos: se você cair, é estúpido.

Instantaneamente lembrei-me dos Fóruns e Tribunais deste Brasil sem porteira, aos quais diariamente chegam centenas de novos processos de dano moral, muitos deles motivados por questões de mérito tão esdrúxulas quanto, pasmem, revistas em portas de bancos, “sedução de mulher maior, de boa formação escolar, com promessa de casamento” (TJSP – ApCív 64.998-1, Araraquara, Rel. Des. Nery Almada, j. 31.10.85) ou mesmo a nova moda do bullying. E me perguntei: dano moral onde?

Excetuando situações extremas em que há real ofensa à honra, será que as pessoas que inauguram essas aventuras jurídicas ficaram realmente “ofendidas”? Duvido, mas, se sim, qual a educação que essas pessoas tiveram para que, sendo muitas vezes chamadas daquilo que realmente são, se sintam tão facilmente atingidas? Onde estão a fibra e a têmpera que fizeram a humanidade superar frios, predadores, guerras, e calamidades mil?

Antes que me acusem de apologia à violência, relembro que o próprio Gandhi dizia que, se a escolha fosse unicamente entre a violência e a covardia, ficaria com a primeira, visto que esta última é sempre desmoralizante.

Ouve-se muito falar, ultimamente, que se está criando uma “geração de maricas”, na qual adultos passivos e negligentes acabam por nutrir jovens sem respeito ou noção de valores, que têm medo de encarar desafios como uma boa luta (não falo literalmente, mas uso a palavra como metáfora) ou um trabalho duro. Uma geração sem educação e sem qualidade, acomodada à mediocridade, sem espírito de luta ou competição e cujos interesses não ultrapassam as roupas de marca, celulares e outros luxos.

São os frutos dessa geração que, ao serem colocados, muitas vezes, frente à verdade (de ser gordo, feio, usar óculos, de pertencer a etnias minoritárias, etc.), choram, se sentem ofendidos e entulham nosso Judiciário com seus queixumes sem sentido!

Para sorte deste país, todavia, nossos juízes, percebendo a indústria em que se tornaram as ações indenizatórias, já firmam entendimento que não é qualquer dissabor ou qualquer incômodo que dá ensejo à reparação do dano moral, mas somente aquelas situações em que os autores realmente sofreram grave abalo, forte injúria ou grande ataque à honra!

Muitos desses magistrados, com os quais me alinho, já perceberam que, como contundentemente já disse Millôr Fernandes, se fazem alguém de idiota é porque acharam material para tanto.

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